Matar saudades
Crescemos juntas, a minha amiga Maria Rita e eu. A vida separou-nos cedo, cada uma seguindo o seu caminho.
Ela foi para o estrangeiro com o marido, por lá lhe nasceram os filhos e os criou.
Regressou depois de reformada, deixando lá a família.
Eu também emigrei sem sair do País. Vim para outras terras, outras gentes, outros hábitos, embora a língua seja a mesma, nem sempre a barreira se desfaz.
Por aqui constitui família, eduquei os filhos e agora voltámos a ser só nós (os velhos), sobretudo ao fim de semana. Porque durante a semana sempre vamos recebendo as netas mais novas após o horário escolar.
Mas hoje tive uma visita que muito me alegrou. A Maria Rita veio passar o dia comigo. Matámos saudades dos nossos tempo de meninas, relembrámos brincadeiras e aventuras que passámos juntas.
Foi um dia alegre e triste ao mesmo tempo. Sentimos o peso dos anos, chegámos juntas à conclusão que nem tudo já conseguimos fazer e isso entristeceu-nos.
Rever a cara duma amiga que não via há mais de 30 anos e ver a diferença fez-nos sentir tristes. Abraçámo-nos e dissémos: estamos velhas, mas ainda estamos para as curvas. Depois rimos, fomos passear, mas aí é que vimos como os joelhos nem sempre obedeciam às nossas vontades.
Sentámo-nos junto ao mar e falámos sobre os nosso sentimentos, as nossas angustias e a nossa solidão.
Não falava assim com ninguém há muitos anos.
Prometemos uma à outra, acompanharmos enquanto pudermos, visitarmos sempre que possivel e telefonar todos os dias. Vamos aproveitar o tempo que nos resta com alegria e aceitando as dificuldades que vão surgindo com bom humor.
Até que a cabecinha deixe...
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