sábado, 26 de junho de 2021

Solidão 2

 A solidão não é o estar só

fisicamente,

é o estado da alma, é

a falta de carinho

de companheirismo,

da amizade do amigo verdadeiro, 

dum olhar que se encontra

e sem nada dizer, tudo se entende.

É o vazio

É a tristeza

É a falta de palavras amigas.

É o estar acompanhado

e sentir-se só

não sentir o calor dum braço amigo.

Falar sem ser ouvido

sentir um grande desalento

 e ver o passar dos dias

como um tormento.

       Domingas         Cascais        



LIBERDADE

 Quero ser livre...

ter asas como um passarinho,

voar velozmente

ou devagarinho.

Olhar lá do alto,

rir alegremente

e chorar se me apetecer,

sentir que vivo como quero viver

ser espontânea, verdadeira

e viver a vida à minha maneira.

             Domingas    Cascais 2012


ACREDITANDO EM CRISTO

Deixaste-nos uma mensagem
Mensagem de amor verdadeiro
de sacrifício e humildade.
Contigo tenho tanto que aprender!
Esforço-me por te imitar
mas oh! que dificuldade.
       Domingas          Cascais 2012

Alegria

 Descobri dentro de mim

a calma, alegria e felicidade

que precisava para viver.

Foi fácil! bastou amar.

Amar muito a tudo e a todos.

A ti dou um carinho

e a ti um beijinho

já para ti vai uma palmadinha

mas devagarinho...

a ela não digo nada

mas ólho e no meu olhar

 ela sente que a estou a amar.

Em troca recebo energia

que se funde com a minha

e se transforma em alegria.

                 Domingas

                Cascais 2012

Solidão

 Perguntei a um letrado:

O que é a solidão?

Ele olhou-me admirado

Suspirou...pôs a mão no coração.

Solidão é não ter amigos

com quem falar,

e a quem ouvir.

Não ter com quem desafogar

Essas mágoas que estás a sentir.

Procura um amigo

que quando tu ris,

com vontade de chorar,

ele saiba brincar contigo

só para te alegrar.

E onde está esse amigo? digo eu

Ah! minha querida...

São difíceis de encontrar,

mas tu tens que procurar

pois se tiveres um na vida,

por feliz te podes dar.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

O cá e o lá.

Acabei de ler uma cronica do Lobo Antunes e fiquei a pensar naquilo.

 Porque será que as coisas da nossa infância e juventude ficam gravadas na nossa memória e por mais momentos bons que vívamos na idade adulta, são estes que mais estão, vivos e inteiros, na nossa memória.

Eu vivo em Cascais há 53 anos. Tenho 75.

Vivi mais aqui do que na terra em que nasci. Mas, os hábitos, as pessoas , os cantinhos, os cheiros e os sons, são mais os de Santo Aleixo que eu oiço e sinto.

Sei que me divido , muitas vezes, entre o cá e o lá, mas no prato da balança, pesa mais o lá e as saudades são sempre muitas, sobretudo dos sons e cheiros que me acompanham sempre.

Às vezes penso que já não pertenço por inteiro , nem aqui nem lá. Aqui sou sempre forasteira e lá nem a maioria me conhece ou eu conheço.

Não liguem... isto é a solidão e a nostalgia a falarem.

Pela primeira vez , na minha vida, estou a viver sozinha , e isto requer uma grande aprendizagem em todos os sentidos. Os emocionais e os mais práticos. É difícil! Mas a vida dá-nos exemplos onde vamos buscar forças, e eu tive uma mãe tão corajosa que me deixou exemplos que eu tenho que seguir.

Há muito tempo que não escrevia aqui alguma coisa. Hoje deu-me para isto.

Um beijinho para todos os que chegarem ao fim da minha cronica, e aos que ficarem a meio, também. 

                           Cascais, junho de 2021           Domingas

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Aprendendo a viver sozinha.

 Hoje vou escrever não uma história , mas sim um desabafo.

_Desde que  nasci que vivi acompanhada.

Nunca estive só.

Agora estou sozinha! E é difícil aprender a viver sozinha.

Dormir e acordar só, comer sozinha à mesa, passar o dia sem ver nem tocar em ninguém.

Vale-me o telefone e a internet.

Vou trabalhando a "aceitação", e como é difícil  aceitar determinadas coisas...

Há momentos maus, desesperantes até , mas também outros de bom senso e o sentir que a vida é assim e nela entra o viver e o morrer. Todos temos que ir, não somos eternos e as separações fazem parte deste ciclo.

Agora tenho esta fase, em que tenho que me descobrir a mim, saber quem sou e qual o meu lugar  neste mundo, no tempo que me falta viver.

Sempre quis viver para os outros.

Estou agora a descobrir que tenho que viver para mim, para poupar os que me são queridos, a não terem preocupações comigo.

Os meus momentos maus são meus. Os bons quero dividi-los com eles e com o mundo, e felizmente, no meio deste caos consigo vê-los e descobri-los.

Se estou cá é, com certeza, por alguma razão.

Espero sinceramente, que a vida não me reserve mais golpes duros.

Quero seguir a minha estrada tranquilamente, e que Deus me acompanhe.  

                                                          Domingas

Cascais 10 de Junho de 2021



segunda-feira, 24 de maio de 2021

O meu primeiro relógio

 Hoje acordei cedo. Abri a janela a janela do quarto e lá fora estava tudo molhado.

Choveu durante a noite, mas o sol vem começando a romper e o dia está claro.

Não sei porquê estou triste.

Esta pandemia não nos deixa expandir, vivemos retraídos mas o nosso pensamento não tem trancas e voa, voa e leva-nos a lugares que muitas vezes estão tão escondidinhos que nem nos lembrávamos que existiram.

Foi o caso de hoje. Olhei para o pulso ver que horas eram, e de repente vi o meu primeiro relógio que marcava sempre três horas.

Como eu gostava dele! nunca tive um tão bonito como aquele.

Era o meu tesouro.

Foi assim:

Era à noite, na cozinha da casa dos meus pais, o candeeiro a petróleo  iluminava fracamente a divisão. A lareira estava acesa e vinha de lá calor e mais claridade.

Na mesa da cozinha ,junto ao candeeiro, um dos meus irmãos fazia os trabalhos da escola. Eu olhava, como que hipnotizada. As letras do livro bailavam na minha frente, sem eu as perceber, e o meu mano passava-as para o caderno branco com uma desenvoltura que me encantava. Molhava o bico da caneta no tinteiro e desenhava as letras enquanto a tinta durava no aparo, depois voltava a molhar e desenhava as letras novamente. No fim chegava a folha perto da chaminé do candeeiro para secar a tinta, e aquilo tinha um cheirinho que me agradava muito.

Eu queria brincar e pedi: mano deixa-me escrever.

Ele deu-me um bocado de papel e um lápis de carvão. 

Fiz uns gatafunhos e aproximei da chaminé do candeeiro. O meu mano riu-se. Não vês que esse lápis não precisa de secar, disse-me.

Aquilo perdeu logo a graça.

Faz-me um relógio ,pedi eu estendendo p pulso.

Ele molhou o bico do aparo no tinteiro e com cuidado fez-me uma circunferência no pulso, com números dentro e os ponteiros marcando as três horas . Não se esqueceu de fazer a bracelete que fechava na parte de baixo do pulso.

Oh!!! fiquei encantada... foi a minha primeira e única tatuagem e durou uma série de dias. Eu não deixava ninguém molhar o meu pulso , e o meu relógio tinha magia, só para os outros é que marcava sempre as 3 horas, para mim aqueles ponteiros andava à volta e marcavam as horas todas.

Queria lá eu saber se o relógio da torre da igreja batia as 7 horas , no meu até podia ser meio dia. Vivi uns dias feliz e encantada com esta prenda linda, quando se começou a apagar, peguei num lápis de cor azul, molhei o bico na ponta da língua e fui passando por cima do risco, mas ficou diferente. Perdeu a graça. Lavei o pulso com água e sabão e guardei o relógio na minha imaginação. 

Hoje fui lá buscá-lo e vivi um bocadinho daquela alegria.

Voltei a guardá-lo.

Hei-de lá ir outro dia ver as horas.


Cascais Agosto de 2020