Acabei de ler uma cronica do Lobo Antunes e fiquei a pensar naquilo.
Porque será que as coisas da nossa infância e juventude ficam gravadas na nossa memória e por mais momentos bons que vívamos na idade adulta, são estes que mais estão, vivos e inteiros, na nossa memória.
Eu vivo em Cascais há 53 anos. Tenho 75.
Vivi mais aqui do que na terra em que nasci. Mas, os hábitos, as pessoas , os cantinhos, os cheiros e os sons, são mais os de Santo Aleixo que eu oiço e sinto.
Sei que me divido , muitas vezes, entre o cá e o lá, mas no prato da balança, pesa mais o lá e as saudades são sempre muitas, sobretudo dos sons e cheiros que me acompanham sempre.
Às vezes penso que já não pertenço por inteiro , nem aqui nem lá. Aqui sou sempre forasteira e lá nem a maioria me conhece ou eu conheço.
Não liguem... isto é a solidão e a nostalgia a falarem.
Pela primeira vez , na minha vida, estou a viver sozinha , e isto requer uma grande aprendizagem em todos os sentidos. Os emocionais e os mais práticos. É difícil! Mas a vida dá-nos exemplos onde vamos buscar forças, e eu tive uma mãe tão corajosa que me deixou exemplos que eu tenho que seguir.
Há muito tempo que não escrevia aqui alguma coisa. Hoje deu-me para isto.
Um beijinho para todos os que chegarem ao fim da minha cronica, e aos que ficarem a meio, também.
Cascais, junho de 2021 Domingas
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