AMOR NA TERCEIRA IDADE
Sentada na areia da praia da Conceição, eu olhava o mar, no seu ondear de vai e vem, e pensava na Carmo e no Zé Manel.
Nem sempre é aos vinte anos que se descobre o amor,são bem certas as palavras que dizem" para o amor não há idade".
Vou contar-vos a história destes dois seres, cheios de ternura, que conheci já ambos passavam dos 80.Embora ainda na casa dos cinquenta, e ainda a trabalhar, comecei a frequentar um centro de dia em Cascais , onde fazia um voluntariado, ajudando-as a fazer meditação e descontrair dos seus problemas..
Gostava, e ainda hoje gosto, de conversar com aquelas pessoas, cheias de sabedoria,que adquiriram com os anos, e muitas vezes com os revezes que a vida nos trás.
São um grupo de pessoas idosas, mas activas, sim, activas porque fazem de tudo, desde teatro amador, pintura em porcelana e tela,arraiolos etc. O que não invalida que depois das seis horas da tarde ( hora a que o centro fecha), estas pessoas não se sintam sózinhas ,pois a maioria delas , são viuvos e viuvas que vivem sós.
A solidão é a causa da maior parte das suas doenças.Se observarmos os medicamentos que estas pessoas tomam, decerto vamos encontrar calmantes ou antidepressivos.
O Centro de Dia é por isso, uma ajuda preciosa e o sítio onde se fazem grandes amizades.
Ali conheci,como já disse,a Carmo (uma jovem de oitenta anos) eo Zé Manel com oitenta e um.Ambos viuvos havia mais de dez anos.
Ao vê-los ninguém diria que tinham esta idade.Bem dispostos, magros ,direitos,lucidos, eram queridos por todos os que os conheciam.
Nas excursões mensais que a Santa Casa da Misericordia organiza em conjunto com a Camâra, eles eram assíduos. Sempre juntos
no mesmo banco do autocarro, no restaurante,na rua, cedo nos apercebemos que havia ali mais do que uma amizade.
Brincávamos com eles sobre isso, e talvez fossemos nós, os amigos, que com as nossas brincadeiras, lhes demos coragem para assumirem o que sentiam.
Um dia fizeram-nos um comunicado: iam viver juntos!
Todos aplaudimos e organizámos uma festinha com troca de alianças e tudo.
Eu, juro, chorei emocionada.
E agora passados uns cinco anos,vêmo-los, como sempre, juntos e com uma ternura infinita.
Que Deus lhes dê muitos anos de saude, alegria e felicidade.
Prima Domingas, então não coloca mais histórias? Vá lá, que eu gosto dos seus contos!!
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